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Rússia não se importa com ultimato teatral de Trump, diz aliado de Putin

Trump e Putin Reuters O vice-presidente do Conselho de Segurança russo, Dmitry Medvedev, afirmou nesta terça-feira (15) que "a Rússia não se importa" com as...

Rússia não se importa com ultimato teatral de Trump, diz aliado de Putin
Rússia não se importa com ultimato teatral de Trump, diz aliado de Putin (Foto: Reprodução)

Trump e Putin Reuters O vice-presidente do Conselho de Segurança russo, Dmitry Medvedev, afirmou nesta terça-feira (15) que "a Rússia não se importa" com as ameaças de Trump de impor "tarifas severas" ao país caso não haja um cessar-fogo na guerra da Ucrânia em até 50 dias. O Kremlin chamou as falas do presidente americano de "sérias" e que o governo russo precisará analisá-las. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp "Trump lançou um ultimato teatral ao Kremlin. O mundo estremeceu, esperando as consequências. A beligerante Europa ficou decepcionada. A Rússia não se importou", escreveu Medvedev, aliado do presidente Vladimir Putin, em inglês na rede social X. Na segunda-feira, Trump ameaçou aplicar tarifas de 100% à Rússia e a seus aliados econômicos caso o governo russo não alcance um acordo de paz na Ucrânia no prazo estabelecido (leia mais abaixo). O presidente americano afirmou em entrevista à emissora britânica BBC divulgada nesta terça que "ainda não desistiu do Putin", apesar de estar "decepcionado" com ele. A fala de Medvedev foi a primeira de diversas reações de autoridades russas às ameaças de Trump. O tema foi destaque das agências estatais da Rússia nesta terça-feira (15). O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, chamou a fala do Trump de "séria" e disse que o governo russo "precisará de tempo para analisá-la". Já o vice-chanceler russo, Sergey Ryabkov, acusou a Ucrânia de não querer negociar um cessar-fogo e disse que "a Rússia não aceita qualquer imposição de exigências, muito menos ultimatos". O chanceler russo, Sergey Lavrov, disse que a Rússia quer entender o que Trump quis dizer com o prazo de 50 dias. “Certamente, gostaríamos de entender o que está por trás dessa declaração sobre os 50 dias. Antes disso, também houve prazos de 24 horas e de 100 dias — já vimos tudo isso — e realmente queremos compreender a motivação do presidente dos EUA”, afirmou, em referência a falas anteriores de Trump. Lavrov disse também não ter dúvidas de que a Economia da Rússia conseguirá lidar com as novas sanções prometidas por Trump, como já o fez em outros bloqueios econômicos aplicados pelo Ocidente desde a invasão à Ucrânia, em fevereiro de 2022. Tanto Peskov quanto Ryabkov reafirmaram que a Rússia está pronta para uma nova rodada de negociações diretas pelo fim da guerra na Ucrânia. Essas tratativas, no entanto, chegaram a um impasse, porque europeus consideram as exigências russas inaceitáveis, que incluem a Ucrânia ceder cerca de 20% do seu território ao rival. O Ministério das Relações Exteriores russo afirmou que o país "tem uma atitude negativa" em relação à coordenação da Otan nas entregas de armas à Ucrânia, segundo a agência estatal RIA Novosti —as armas anunciadas por Trump serão pagas pela aliança militar ocidental. A pasta russa afirmou que "os países da Otan não estão interessados na paz na Ucrânia", segundo a Tass. LEIA TAMBÉM: BOMBARDEIO? Trump consultou Zelensky sobre capacidade da Ucrânia de atacar Moscou, diz jornal ENTENDA: por que ameaça de taxar Rússia em 100% representa 'reviravolta dramática' PATRIOT: mais avançado do mundo e 'provocação' à Rússia: conheça o sistema de defesa aérea que Trump vai enviar à Ucrânia Ameaça de taxas à Rússia e aliados, e armas à Ucrânia Trump ameaça 'tarifas severas' à Rússia caso não haja cessar-fogo na Ucrânia em 50 dias Trump disse na segunda-feira que, caso não haja um cessar-fogo na guerra da Ucrânia em até 50 dias, aplicará tarifas de 100% à Rússia e seus aliados econômicos, além dos valores já atualmente aplicados. O presidente americano também anunciou uma nova leva de armas à Ucrânia, selando a retomada em força total da aliança com o país. "Estamos muito, muito insatisfeitos (com a Rússia), e vamos aplicar tarifas muito severas se não alcançarmos um acordo (de cessar-fogo) em 50 dias", disse Trump, durante reunião com o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte, na Casa Branca. No encontro com Rutte, Trump também disse que o comércio é "excelente para resolver guerras" para justificar o aumento das tarifas à Rússia que ele ameaçou aplicar. Logo após a guerra da Ucrânia começar, em março de 2022, os EUA aplicaram um amplo pacote de sanções econômicas à Rússia, o que praticamente inviabilizou o comércio de bens e mercadorias entre os dois países. Em 2024, o comércio entre EUA e Rússia chegou a US$ 3,5 bilhões, segundo o Escritório do Representante Comercial dos EUA. No encontro, Trump disse também que enviará uma nova leva de armamento às tropas ucranianas, selando a retomada das ajudas dos EUA a Kiev, com quem teve desavenças ao longo deste ano. No fim de julho, o Pentágono chegou a anunciar a suspensão do envio de mísseis de defesa aérea e munições de precisão. Nesta segunda, como havia dito no domingo (13), Trump reafirmou que enviará a Kiev mais sistemas antimísseis Patriot, o poderoso e avançado "escudo" do Ocidente cujo uso na Ucrânia é considerada "uma provocação" pelos russos. Nesta segunda, Trump não só reafirmou que enviará sistemas de defesa aérea Patriot -- que caçam e destroem no ar mísseis e drones russos -- como também disse que mandará, por meio da Otan, baterias para lançamento do sistema, o que agiliza seu uso por tropas ucranianas. "Teremos alguns chegando muito em breve, dentro de alguns dias... alguns países que possuem Patriots farão a troca e substituirão os Patriots pelos que já possuem. É um complemento completo Mudança de rumo Mark Rutte e Donald Trump Kevin Dietsch/Getty Images/AFP Os anúncios de Trump na segunda-feira indicaram também como o presidente americano mudou sua rota política na guerra da Ucrânia. Desde que assumiu sua segunda gestão à frente da Casa Branca, em janeiro de 2025, Trump vinha indicando uma aproximação com Vladimir Putin, com quem chegou inclusive a ensaiar um acordo de cessar-fogo sem a presença da Ucrânia nas negociações. Em fevereiro, ao receber o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para uma reunião na Casa Branca, Trump disparou contra o ucraniano: diante da imprensa mundial no Salão Oval, bateu boca e levantou a voz com Zelensky, a quem acusou de querer incitar uma Terceira Guerra Mundial. Após a confusão, a reunião entre os dois chegou a ser cancelada, e Zelensky deixou a Casa Branca antes da hora. Em paralelo, o norte-americano chegou a elogiar Vladimir Putin, mas, aos poucos, começou a demonstrar decepção com o líder russo, após Moscou recusar diversas vezes condições impostas por Washington para um cessar-fogo na Ucrânia. Recentemente, Trump chegou a chamar Putin de inútil e tem criticado bombardeios russos à Ucrânia. Após as declarações de Trump, Kaja Kallas, a chefe da diplomacia da União Europeia, disse a jornalistas que estava satisfeita com a postura mais rígida do presidente dos EUA em relação à Rússia, mas que um ultimato de 50 dias para punir Moscou era "muito longo": "É muito positivo que o presidente Trump esteja adotando uma postura firme contra a Rússia. Por outro lado, 50 dias é um tempo muito longo se considerarmos que estão matando civis inocentes todos os dias". Vídeos em alta no g1