Khamenei reivindica vitória sobre Israel e EUA e nega grandes estragos por ataques de Trump a instalações nucleares
Este foi primeiro pronunciamento do líder supremo do Irã desde cessar-fogo no conflito com Israel, que entrou em vigor na terça (24). Donald Trump afirmou qu...

Este foi primeiro pronunciamento do líder supremo do Irã desde cessar-fogo no conflito com Israel, que entrou em vigor na terça (24). Donald Trump afirmou que ataques dos EUA atrasaram iranianos em 'muitos anos', alegação posta em dúvida por relatório do Pentágono. Líder supremo do Irã, Ali Khamenei, reivindica vitória sobre Israel e EUA e nega grandes estragos por ataques a instalações nucleares em primeiro pronunciamento após cessar-fogo, em 26 de junho de 2025. Escritório do líder supremo do Irã/Wana via Reuters O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, reivindicou nesta quinta-feira (26) vitória sobre Israel e Estados Unidos no conflito direto que os rivais regionais travaram durante 12 dias neste mês. Khamenei também negou que os ataques dos EUA às instalações nucleares do país tenham causado grandes estragos, ao contrário do que afirma o presidente americano, Donald Trump. "Ofereço meus parabéns pela vitória sobre o falacioso regime sionista e sobre o regime americano. Com todo aquele alvoroço, com todas aquelas alegações, o regime sionista praticamente foi derrubado e esmagado sob os golpes da República Islâmica", afirmou Khamenei sobre Israel, que também reivindicou vitória no conflito. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Em seu primeiro pronunciamento público desde o cessar-fogo no conflito com Israel ter entrado em vigor, na terça-feira, Khamenei disse que "os EUA entraram diretamente na guerra", mas não obtiveram "nenhuma conquista" no conflito. Também minimizou os impactos dos bombardeios americanos às instalações nucleares de Fordow, Natanz e Isfahan, as mais importantes do Irã, e acusou Trump de buscar "exibicionismo" ao intervir no conflito. "O regime dos EUA entrou diretamente na guerra porque sentiu que, se não o fizesse, o regime sionista seria completamente destruído. No entanto, não obteve nenhum êxito com essa guerra e, aqui, a República Islâmica também saiu vitoriosa", afirmou o líder iraniano. Trump e seus aliados afirmam que o programa nuclear iraniano foi "obliterado", e um porta-voz do ministério das Relações Exteriores do Irã admitiu "graves danos". Por outro lado, um relatório preliminar do Pentágono mencionou atraso de apenas alguns meses ao programa nuclear do país. Veja detalhes sobre o ataque dos EUA no infográfico abaixo. O Irã já havia reivindicado vitória sobre Israel no conflito logo após o início do cessar-fogo, anunciado por Trump. Israel também reivindicou vitória ao dizer que "eliminou a ameaça" representada pelos programas nuclear e de mísseis do rival. Israel e Irã estão em trégua desde a madrugada de terça-feira, e não houve ataques registrados entre os países na quarta e até o momento nesta quinta-feira. O conflito de 12 dias entre os rivais regionais deixou ao menos 638 mortos, quase 8 mil feridos, e teve mais de 2 mil ataques entre os dois países durante o período —veja mais números aqui. Khamenei disse também que o Irã deu um "duro golpe" nos EUA como resposta, uma referência ao bombardeio lançado contra uma base americana no Catar. Ele disse ser uma conquista considerável por colocar as bases militares ao alcance iraniano, porém o ataque foi considerado um ato simbólico por ter sido avisado com antecedência aos EUA e ao Catar —Trump chamou a retaliação iraniana de "fraca". O líder supremo iraniano também parabenizou o povo iraniano por resistir ao conflito, e advertiu contra novos ataques ao Irã ao afirmar que conseguiu atingir instalações nucleares e urbanas de Israel, e que poderia novamente atacar esses locais, ou as bases aéreas americanas, se necessário. Também nesta quinta-feira, o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, disse que continuará trabalhando com Trump para "derrotar nossos inimigos comuns, libertar nossos reféns e expandir rapidamente o círculo da paz". INFOGRÁFICO - Arte explica ataque dos EUA ao Irã e resposta de Teerã. Arte/g1 Ataques dos EUA atrasaram Irã 'em muitos anos', diz Trump Trump diz que ataques dos EUA atrasaram em 'muitos anos' capacidade de o Irã desenvolver armas nucleares O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a defender na quarta-feira (24) que os ataques feitos pelos Estados Unidos a instalações nucleares do Irã causaram "grande destruição". "Os ataques atrasaram as atividades nucleares do Irã em muitos, muitos anos", declarou o presidente dos EUA durante declaração na cúpula da Otan em Haia, na Holanda. Na terça-feira (24), a imprensa norte-americana reportou que um relatório preliminar da Agência de Inteligência de Defesa dos EUA indicou que os ataques que caças norte-americanos fizeram a instalações nucleares do Irã no fim de semana causaram danos menores que os incialmente anunciados por Trump. De acordo com o relatório, ao que o jornal "The New York Times" teve acesso, os danos atrasaram o programa nuclear que o Irã desenvolve em apenas alguns meses. Trump negou as conclusões do relatório e alegou que o documento ainda não estava concluído. "Eles apresentaram um relatório que não estava concluído. O local foi totalmente obliterado", disse. Nesta quarta, o Irã também disse que as instalações atingidas por bombardeios dos EUA foram "gravemente danificadas", mas não quantificou a destruição. A agência de energia atômica da ONU (AEIA) também ainda não conseguiu determinar os danos causados às instalações. Em Haia, Trump afirmou ainda acreditar que o conflito entre Irã e Israel terminou, mas disse não duvidar que o embate possa voltar. "Os dois (lados) estão exaustos, lutaram de forma muito violenta. Talvez isso (o conflito) possa recomeçar em algum momento, talvez em breve, mas acho que agora todos querem acabar com isso", disse. "Eu acho que a guerra acabou realmente quando acertamos as instalações nucleares". O presidente norte-americano afirmou também achar que o Irã abadonará, pelo menos por enquanto, o desenvolvimento de instalações nucleares. "Não os vejo voltando às atividades nucleares. E, se o fizerem, estaremos aqui".