Irã não permitiu inspeção em usinas nucleares bombardeadas nem a estoque de urânio enriquecido, diz agência da ONU
Imagens de satélite após o ataque dos EUA mostram grandes crateras visíveis na instalação nuclear de Fordo, no Irã. Imagem de satélite (c) 2025 Maxar Tec...
Imagens de satélite após o ataque dos EUA mostram grandes crateras visíveis na instalação nuclear de Fordo, no Irã. Imagem de satélite (c) 2025 Maxar Technologies via Getty Images via BBC O Irã ainda não permitiu a entrada de inspetores nas instalações nucleares bombardeadas por Israel e pelos Estados Unidos em junho nem deu acesso ao estoque de urânio enriquecido, afirmou a agência de Energia Atômica da ONU (AIEA) em um relatório confidencial divulgado nesta quarta-feira (12) visto por agências de notícias. A AIEA afirmou que a situação do estoque enriquecido próximo ao grau de produção de armas nucleares “precisa ser tratada com urgência”. A última vez que a agência teve acesso ao material foi há cinco meses, ainda antes da guerra de 12 dias entre Israel e Irã em junho, situação que a instituição considera "estar muito atrasada". ✅ Siga o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp “A falta de acesso da Agência a esse material nuclear no Irã por cinco meses significa que sua verificação está muito atrasada”, afirmou a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em relatório enviado aos Estados-membros e obtido pela Reuters e pela Associated Press (AP). A agência acrescentando ser “crítico” que os inspetores possa realizar essa verificação o quanto antes. De acordo com o último relatório da agência, publicado em setembro, o Irã mantém um estoque de 440,9 kg de urânio enriquecido a até 60% de pureza —um pequeno passo técnico abaixo do nível de 90% necessário para uso em armas nucleares. Veja os vídeos que estão em alta no g1 Esse estoque poderia permitir ao Irã construir até 10 bombas nucleares, caso o país decidisse militarizar seu programa, alertou o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, em entrevista recente à AP. Ele acrescentou, porém, que isso não significa que o Irã possua tal arma. O Irã afirma há muito tempo que seu programa nuclear tem fins pacíficos, mas a AIEA e países ocidentais sustentam que Teerã manteve um programa nuclear militar organizado até 2003. O governo iraniano reafirma que irá reconstruir as instalações nucleares que foram alvos de ataques do Irã e dos EUA durante o conflito e que não abandonará seu direito de enriquecer urânio. O presidente americano, Donald Trump, já disse que caso essas coisas aconteçam, ele sem dúvidas fará novos bombardeios no país. O relatório confidencial também afirmou que o Irã ainda não concedeu à AIEA acesso aos locais afetados pela guerra. Apesar disso, a agência relatou que o governo iraniano tem aumentado gradualmente a abertura para a entrada de inspetores no país e a inspeção a instalações nucleares que não foram atacadas. O país suspendeu toda cooperação com a AIEA após o conflito com Israel, durante o qual os Estados Unidos atacaram várias instalações nucleares iranianas, incluindo as três mais importantes do país: Fordow, Natanz e Isfahan. Teerã, no entanto, permitiu que a AIEA inspecionasse as instalações não danificadas depois que Grossi chegou a um acordo com o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, no Cairo, no início de setembro. Mas, mais tarde naquele mesmo mês, a ONU restabeleceu duras sanções contra o Irã, provocando uma reação indignada de Teerã e levando o país a interromper a implementação do acordo do Cairo. O Irã é legalmente obrigado a cooperar com a AIEA sob o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP). As potências europeias decidiram restabelecer as sanções da ONU por meio do chamado mecanismo de snapback, depois que o Irã não concordou em retomar as negociações diretas com os Estados Unidos, restabelecer a cooperação plena com a AIEA e esclarecer a situação de seu estoque de urânio enriquecido próximo ao grau de armamento.