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Irã expande atividade nuclear, desafiando 'pressão máxima' dos EUA

Relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) pode emperrar negociações sobre um novo acordo nuclear entre Irã e os Estados Unidos. Ilustr...

Irã expande atividade nuclear, desafiando 'pressão máxima' dos EUA
Irã expande atividade nuclear, desafiando 'pressão máxima' dos EUA (Foto: Reprodução)

Relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) pode emperrar negociações sobre um novo acordo nuclear entre Irã e os Estados Unidos. Ilustração mostra símbolo atômico ao lado das bandeiras do Irã e dos Estados Unidos REUTERS/Dado Ruvic Documento da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), e obtido pela agência de notícias Reuters, revela que o Irã manteve operações nucleares ocultas em seu território e ampliou o seu programa nuclear. Segundo o relatório enviado a um conselho de 35 Estados-membros, o estoque de urânio enriquecido do Irã subiu 953.2 kg desde a última atualização, totalizando 9.247 kg. Já o urânio enriquecido com pureza superior a 60% cresceu de 133.8 kg para 408.6 kg. ☢️Material para nove bomba nucleares. De acordo com a definição da própria agência nuclear, bastam 42 kg de urânio enriquecido com pureza superior a 60% para produzir uma bomba nuclear. Isso significa que, em tese, o Irã poderia produzir até 9 bombas com o material enriquecido -- em dezembro de 2024, o número era de 4. Embora muitas das descobertas se refiram a atividades que datam de décadas atrás e já tenham sido mencionadas anteriormente, as conclusões do relatório da AIEA desta vez foram mais definitivas. O documento resumiu os acontecimentos dos últimos anos e apontou de forma mais clara para atividades secretas e coordenadas — algumas delas relevantes para a produção de armas nucleares. O relatório também deixou claro que a cooperação do Irã com a AIEA continua sendo “insatisfatória” em “diversos aspectos”. A agência ainda busca explicações para os vestígios de urânio encontrados há anos em dois dos quatro locais que vem investigando. Três desses locais abrigaram experimentos secretos, segundo a AIEA. A agência concluiu que ao menos três locais, e outros possíveis locais relacionados, faziam parte de um programa nuclear estruturado e não declarado conduzido pelo Irã até o início dos anos 2000 e que algumas atividades utilizaram material nuclear não declarado. O chefe da agência, Rafael Grossi, fez um pedido às autoridades iranianas para cooperar com os esforços de inspeção da AIEA. Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Nos EUA, Trump dobra tarifas sobre aço importado Relatório provoca reação de potências nucleares As conclusões do relatório abrem caminho para que Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha pressionem o conselho da AIEA a declarar que o Irã violou suas obrigações de não proliferação nuclear. Uma resolução nesse sentido enfureceria o Irã e poderia complicar ainda mais as negociações nucleares entre Teerã e Washington. Com base nas conclusões do relatório da AIEA, as quatro potências ocidentais planejam apresentar um projeto de resolução para que o conselho o adote em sua próxima reunião, na semana de 9 de junho, segundo diplomatas. Seria a primeira vez, em quase 20 anos, que o Irã seria formalmente considerado em descumprimento. O relatório provavelmente levará o Irã a ser denunciado no Conselho de Segurança da ONU, mas isso deva acontecer apenas em uma reunião posterior do conselho da AIEA, segundo disseram diplomatas à Reuters. Mais imediatamente, é provável que leve o Irã a acelerar ou expandir novamente seu já avançado programa nuclear — como fez após repreensões anteriores do conselho. Isso também poderá complicar ainda mais as negociações com os Estados Unidos que visam conter esse programa. A divulgação do novo relatório também provocou reação de Israel. Em comunicado deste sábado (31), o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse quo o programa nuclear do Irã não é pacífico e que Teerã continua determinado a concluir seu programa de armas nucleares. "A comunidade internacional deve agir agora para deter o Irã", disse o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em um comunicado, acrescentando que o nível de enriquecimento de urânio alcançado pelo Irã "só existe em países que buscam ativamente armas nucleares e não tem qualquer justificativa civil". Em 'despedida' de Musk, Trump deixou recado para Irã Na última sexta-feira (30), durante a coletiva de imprensa que anunciou a 'despedida' de Musk do governo americano, Trump deu recado claro ao governo iraniano ao afirmar que "não negocia com quem mantém armas nucleares". A declaração ocorreu uma semana depois dos representantes do Irã e dos EUA se encontrarem para negociar um novo acordo de desarmamento do Irã, mas as conversas não avançaram. O Ministério das Relações Exteriores do país persa contou que o chefe da delegação americana deixou as conversas em Roma, na Itália. A falta de avanço nas tratativas reflete "diferenças fundamentais" entre as partes, com o novo mandato de Trump exercendo pressão máxima para que o país persa desista de enriquecer 1% a mais o seu estoque de urânio. Trump disse que, embora apoie as conversações, não descarta ações militares se a diplomacia fracassar. Por sua vez, Teerã nega que o programa tenha finalidades militares e busca um novo acordo que flexibilize as sanções que afetam duramente sua economia.